segunda-feira, 29 de março de 2010

Sabes que estás na Dinamarca há demasiado tempo quando...

Achas que não há tal coisa como mau tempo, apenas roupas más.

Achas que é normal encontrar uma rapariga num bar e levá-la de bicicleta até casa.

Percebes porque é que nem todo o tipo de carne serve para por no pão.

Achas que é indelicado sentares-te ao pé de alguém no autocarro se houver um banco onde podes sentar-te sozinho.

Vais ao supermercado, compras três cervejas boas e outras dez não tão boas.

Consegues abrir uma cerveja com quase qualquer coisa.

Acreditas verdadeiramente que a distância entre Copenhaga e Aalborg é grande.

Consegues distinguir uma Gron Tuborg de uma Carlsberg.

Quando um estranho na rua sorri para ti, assumes que:
a. está bêbedo
b. é louco
c. é americano
d. todas as outras opções.

Usas "Mmmm" para preencher os silêncios.

Tens apenas duas expressões faciais: sorridente ou neutra.

Não te importas de pagar o mesmo por uma viagem de 200 metros de autocarro como o que pagas por uma de 10 km.

Não olhas duas vezes para um homem de negócios com fato e meias de desporto brancas.

Começas a acreditar que, se não fosse pelos esforços da Dinamarca, o mundo provavelmente colapsaria muito em breve.

Já não te parece excessivo gastar 800 kr em álcool numa única noite.

Sentes que é natural usar roupas desportivas e mochila em todo o lado.

Sabes que o sentido da vida tem algo a ver com a palavra "hyggelig".

Não achas estranho que ninguém apareça em tua casa sem ser convidado e também não apareces em casa de ninguém sem dizer algo antes.

Acendes velas quando tens convidados - mesmo que esteja sol e 20º C lá fora.


Texto que me veio parar às mãos, na formação de chegada de SVE em Ollerup. Não sei se é tudo verdade, mas a maioria já se foi confirmando...

domingo, 21 de março de 2010

Quão grande pode ser um pincel?

Nestas duas últimas semanas decorreu o Festival de Histórias, na Nicolai.
Um dos projectos contou com a colaboração de uma artista plástica, uma actriz e um contador de histórias que, em conjunto com várias turmas, criaram breves peças de teatro + narrações + cenografias sobre pequenas tragédias pessoais ocorridas nas redondezas de Kolding.
A artista plástica chama-se Anna Marie Holm e tem uma grande paixão pelo Brasil. Quando descobriu que eu era portuguesa tratou de me aproximar das suas recordações desse país e, daí, surgiu uma enorme e mútua empatia.
Durante cerca de vinte anos, a Anna teve um espaço só seu em Viborg, espaço esse onde desenvolveu a maior parte do seu trabalho com crianças. Daí resultou um livro que, recentemente, teve edição em português: Fazer e Pensar Arte. A Anna emprestou-mo e daí vêm as seguintes imagens:


Garras














Ondas do mar













Diálogo













Quão grande pode ser um pincel?

terça-feira, 16 de março de 2010

"Grandpa's Sushi"

Este sábado Gertrud e Hans celebraram o seu aniversário em conjunto. Ela fez anos há semanas, ele faz em Abril. Vieram filhos e namorados, a neta bebé e irmãos da Gertrud com respectivos esposos. Não se cantou os parabéns, era antes uma desculpa para se reunir a família.
Chegaram todos para almoçar e a cave, de modo surpreendente, deu lugar a quinze pessoas. Durante quatro horas comeu-se e bebeu-se seguindo ordem já definida pela tradição. Começou-se pelo arenque marinado, passou-se ao salmão fumado com esparregado, bolas de carne e por fim vieram os queijos e a salada de frutas com natas. Sempre com a presença da cerveja (cerveja especial de páscoa, disto e daquilo) e snaps: shots de bebidas forte, neste caso akvavit. A água da vida não se nega, e de 5 em 5 minutos havia sempre alguém que se lembrava de propor um brinde ("skol"!).
Todos ficaram espantados por ter gostado do arenque, parece que é uma coisa "que se aprende a gostar". A Lene, namorada do filho mais velho, disse que a geração mais nova lhe chama "Grandpa's Sushi".
Depois de tanto tempo sentados, a comer, e também segundo a tradição, tratámos de fazer caminhada à volta do quarteirão. Foi engraçado de se ver, um bando de pessoas entre os 20 e os 60 anos a andar para melhor fazer a digestão. Nestes minutos fui, por consequência dos passos, estando em contacto com diferentes pessoas. E daí conversei com o Hans, que acha que irmãos da Gertrud conversam muito, com uma cunhada que antes tinha uma quinta na costa oeste e agora trabalha com miúdos, ou com a irmã mais velha que me contava como a morte dos pais exigia uma maior iniciativa para que todos os irmãos se reencontrassem.
Com isto, arranjou-se mais um espacinho no estômago e, de regresso a casa, toma lá mais bolo e café.
Por volta das 18h já toda a gente se tinha ido embora. Fui para o meu quarto e, quando voltei, percebi que os que tinham ficado estavam todos doentes. Parecia um filme mau, daqueles em que depois de um fim de semana no hotel, há sempre um mordomo culpado. Isabella, a bebé, é o mordomo. E até hoje ficámos em casa.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Se calhar os Vikings não usavam capacetes com chifres...























Seest

A 3 de Novembro de 2004, uma fábrica de fogo de artifício explodiu em Seest, nos arredores de Kolding.
Imensas famílias ficaram sem casa e muitas delas ainda continuam com problemas com as seguradoras. Um bombeiro morreu.
A Gertrud e o Hans viram a explosão a partir e Kolding. Dizem que foi um espectáculo assustador, mas belo ao mesmo tempo...
Este é um panfleto de uma peça de teatro que retrata as consequências do acidente na vida de uma família, enquanto a filha de nove anos tenta descobrir quem foi o responsável.

Porque nos apeteceu...

...fomos leão e coelho por um dia. Decidi não tirar a maquilhagem e, a caminho de casa, menino perguntou: porque és um tigre?